GEOgrafando PELO rioMARzonas, A PORTA DE ENTRADA NA AMAZÔNIA.
Valter Gama de Avelar[1]
[1] Doutor em Geociências e professor/pesquisador Associado III, dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação/Mestrado em Geografia, da Universidade Federal do Amapá. E-mail: valtergamaavelar@gmail.com
INTRODUÇÃO
O rio Amazonas é também conhecido como rio Mar, diante de suas dimensões, em uma apropriação geocientífica estabeleceu-se a fusão das palavras rio + mar + amazonas, assim que surge a expressão rioMARzonas. Em 2007, uma expedição patrocinada pela National Geographic Society identificou o Nevado Mismi, no Peru— um monte de origem vulcânica, com 5.567 metros de altitude — como a nascente do Amazonas.
Com idade aproximada de 11.000.000 de anos o rioMARzonas (Rio Amazonas ou Rio das Amazonas na concepção de Francisco Pizón) faz parte da complexa engrenagem que dominou a quebra do PANGEA desde o Mesozoico (252 a 66 Ma) até o Cenozoico (66 a 0,0 Ma), Figura 1. No caso da formação do Rio Amazonas, durante a abertura do Oceano Atlântico Sul, desde 66 Ma atrás, um “braço” da JUNÇÃO TRÍPLICE (sistemas de falhas em “Y”) acabou por dar a formação do início do que hoje conhecemos como foz do rio Amazonas…PENSAR QUE ANTES…o hoje rio Amazonas derivava do centro do continente sul-americano para a borda norte, próximo onde hoje é o rio Orinoco e teve sua reorientação tal qual conhecemos pela elevação da borda oestes da Placa Sul-Americana.

Figura 1 – Massas continentais reunidas em um único Supercontinente denominado PANGEA (Gondwana, ao sul e Laurásia, ao norte) no período Permiano (298 a 252 Ma), circundado pelo superoceano denominado PANTALASSA. Fonte: modificado de Teixeira et al. (2003), arte: Lucas Batista de Avelar
Foi assim, durante o Cretáceo (145 a 66 Ma), o maior rio do mundo corria do leste para o oeste, em direção ao Pacífico, e não rumo ao Atlântico, como hoje conhecemos. Acontece que quando a América do Sul se formou, depois de se desligar da África, existia um planalto, há muito desaparecido, na região onde hoje está a FOZ DO AMAZONAS (Cráton Amazônico-Escudo das Guianas??…processo colisional da Tectônica de Placas), e no Maranhão. Essa elevação foi a responsável pelo fluxo “contrário” do rio.
Desta forma, o rioMARzonas só passou a correr em direção ao “novo oceano”, o Atlântico, quando foi “empurrado” pelo soerguimento ou subida da Cordilheira dos Andes, muito tempo depois ou a 11.000.000 de anos atrás. Segundo a ciência geológica, tudo aconteceu da maneira certa para que o rio pudesse se aproveitar das condições geológicas favoráveis.
Consoante sua nascente, o Rio Amazonas tem sua origem no Peru, na Cordilheira de Vilcanota (Cordilheira do sul do Peru, no departamento de Cuzco, na cordilheira oriental andina, divisa entre o baixo Titicaca e o Amazonas, Nevado de Ausangate, com 6.384 m.
Depois, recebe nomes diferentes, como Uicaiali, Urubamba e Marañón. Após sair do Peru, passa pela Colômbia. Entra no Brasil pelo município de Tabatinga-AM, a 60 metros de altitude, recebendo o nome de SOLIMÕES, percorrendo quase 3.000 Km em uma região de planície até chegar em seu delta flúvio-marinho e desaguar no Oceano Atlântico. Sua enorme bacia hidrográfica inclui outros países, como Bolívia, Peru, Equador, Venezuela e Guiana, Figura 2.

Como já mencionado, no Brasil, o amazonas recebe inicialmente o nome de rio Solimões até encontrar-se com o rio Negro, nas imediações de Manaus, Figuras 3, a partir da qual passa a chamar-se de rio Amazonas.

Figura 3 – Encontro das águas dos rios Solimões e Negro, próximo de Manaus-AM, diferenças físico-químicas causam a imissbilidade dos líquidos.
Imagem Disponível em https://cdn.bloghoteis.com/wp-content/uploads/2018/01/Encontro-dos-rios-Negro-e-Solimoes-em-Manaus.jpg
A Bacia Hidrográfica Amazônica ocupa uma área total de 6.610.000 Km2, na América do Sul, dos quais 63% ou o equivalente a 3.849.300 Km2 estão situados em território brasileiro, Figura 2, (INSTITUTO MAMIRAUÁ, 2017).
A Bacia Hidrográfica Amazônica ocupa 45% do território nacional, abrangendo sete Estados (Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Amapá, Pará e Mato Grosso). Possui uma extensa rede de drenagens, sendo as mais conhecidas: Amazonas, Xingu, Solimões, Madeira e Negro. Desta forma, a região amazônica concentra cerca de 81% da disponibilidade de águas superficiais do país, Figura 4, (ANA, s/d).

A medição feita por Pavkleviez (2007) diz que o Amazonas tem 7.062 km de extensão, 300 Km a mais que o rio Nilo, no Egito. No entanto, medições mais conservadoras atribuem ao rio entre 6.300 e 6.800 km de comprimento, Figuras 2, 4 e 5.

De acordo com Filizola et al. (2011) o fluxo de água da Bacia Amazônica para o oceano Atlântico é de aproximadamente 6,6 x 1012 m3/ano e o seu volume é de cerca de 16% de toda água livre do mundo.
A principal fonte de sedimentos no rio Amazonas e seus principais afluentes é a erosão andina (FILIZOLA e GUYOT, 2009; FILIZOLA et al., 2011; GIBBS, 1967; MARTINEZ et al., 2009; MEADE et al., 1979). A maioria dos rios originários da Cordilheira dos Andes apresenta uma alta carga suspensa (80%) e baixa carga de leito (20%) (MEADE et al., 1985). De acordo com Salas-Gismon et al. (2014) os recursos naturais da Amazônia são resultados de uma longa história geológica e climática, na qual os Andes desempenham um papel decisivo. Segundo os autores supra, “Sem os Andes não existiria a Amazônia”, Figura 6.

Desde a sua criação até o presente, o impacto dessa cadeia montanhosa sobre o meio ambiente da região deu forma às faunas e suas sucessivas distribuições. Regulador das chuvas e da fantástica biodiversidade animal e vegetal da região, o sistema geoclimático andino-amazônico deve ser considerado como um elemento fundamental no estudo do impacto das mudanças climáticas na região.
Os rios N e Beni são responsáveis por quase todos os sedimentos transportados pela Amazônia (GUYOT et al., 2007). Mais de 540 milhões de toneladas de sedimentos são transportados a cada ano na parte a montante do rio Amazonas (FILIZOLA e GUYOT, 2009; FILIZOLA et al., 2011; GIBBS, 1967; MARTINEZ et al., 2009; MEADE et al., 1979). O transporte e a deposição dessa grande quantidade de sedimentos influenciam significativamente a dinâmica fluvial dos rios da Amazônia (CONSTANTINE et al., 2014).
Desta forma, são despejados na foz do rio Amazonas para o oceano Atlântico cerca de 900 x 106 Ton/ano de sedimentos em suspensão (FILIZOLA et al. 2011), Figura 7.

É em Macapá, a capital do meio do mundo, na margem esquerda do rio Amazonas (Figura 8) que as águas do rioMARzonas deságuam na foz deltaica flúvio-estuarina (Figura 9) para mais adiante na Zona Costeira Atlântica de El-Robrine e Rodrigues (2006), encontrar-se com o oceano Atlântico, lançando sedimentos que geram a chamada pluma de sedimentos do rio amazonas (Figura 7).


Figura 9 – Foz Deltaica Flúvio-Estuarina do rioMARzonas. No lado noroeste da imagem o rio Amazonas banhando a cidade de Macapá e a sudeste da imagem, o rio Tocantins. Arquipélago do Marajó ao centro. Fonte: Disponível emhttps://www.google.com/search?q=delta+do+rio+amazonas&tbm=isch&tbs=rimg:Caga23Rh9T8SIjhg
A Bacia Amazônica abriga a ictiofauna mais rica em espécies do mundo com mais de 2000 espécies conhecidas atualmente. Contudo, tradicionalmente um pequeno número, cerca de 20 destas espécies, respondem por 80% da pesca comercial (BIODIVERSIDADE, s/d). É certo que existe uma biomassa maior de peixes do que qualquer outra fonte alternativa de recursos animais ao longo dos rios Amazônicos (ÁGUAS AMAZÔNICAS, s/d). A Figura 3 ilustra o mapa da Bacia Amazônica destacando as localizações geográficas onde a pesca comercial é realizada.

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Referenciar este artigo como:
AVELAR, Valter Gama de. GEOgrafando PELO rioMARzonas, A PORTA DE ENTRADA NA AMAZÔNIA. Dr. Valter Gama de Avelar (Coord. Grupo de Pesquisa GEOdiversidade do Amapá/GPGEO/UNIFAP). Disponível em:
https://valteravelar4geos.com/2019/03/13/geografando-pelo-riomarzonas-a-porta-de-entrada-na-amazonia/
A Amazônia por Jacques Cousteau 001 – The Amazon Jungle by Jacques Cousteau – First Part.
A Amazônia por Jacques-Yves Cousteau 002 – Piranhas e Jacarés.
A Amazônia por Jacques Cousteau 003 – Piracema, Pororoca, Jacarés, Encontro das Águas.
A AMAZÔNIA POR JACQUES COUSTEAU – CAPÍTULO 004 – PIRACEMA E ANIMAIS DA FLORESTA.
Santarém vista de cima! Encontro das águas do amazonas com o rio Tapajós. Fonte: Embraer E195 – Azul Linhas Aéreas Matrícula: PR-AYX-Registro por: @natereutter

A Amazônia por Jacques-Yves Cousteau – Capítulo 05 – O Equilíbrio e Harmonia da Grande Floresta.
Parabéns… Ilustre Professor Dr Valter Avelar como carinhosamente chamamos de GeoProfesor. Alguns anos atrás o famoso navegador e pesquisador Jaques Custear. Navegou e fez pesquisa no Rio Amazonas dês da sua nascente até o término aí em Macapá e Santana cidades e o Rio um pouquinho mais adiante até no Oceano Atlântico. E nós falou que era preciso preservar e conservar este manancial aquático. Pouco se vê vem sendo destruído tanto o Rio com contaminações e florestas que fazem seu entorno. E nossos gestores muito pouco tem olhado pra isto. Como deveriam fazer nas cidades investimentos em esgotos tratados etç. Tomara que mude pra que no futuro nossos filhos e Netos venham possar usufruir desta Maravilha que é o nosso Rio Amazonas. Nosso e Do Mundo. Um GeoAbraço…!!!
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Querido GEOamigo José Maria Teixeira…Gratidão é o que sinto por sua imensa consideração a este caboco marajoara…Saiba que você está contribuindo com a DEMOCRATIZAÇÃO DAS GEOciências…PRA QUEM PRECISA…DE GEOciências…E o Projeto GEOciências NAS ESCOLAS DO AMAPÁ…levará o GEOconhecimento para quem realmente precisa…as crianças…para que possamos construir um GERAÇÃO FUTURA SENSÍVEL AO MEIO AMBIENTE…GEOabraço
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Já foi o melhor documentário que tive a honra de assistir sobre as origens e belezas da Amazônia.
Parabéns amigo!
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Bom dia minha GEOamiga Nazaré Pinheiro. Muito grato pela sua mensagem. Fico feliz que você tenha gostado, pois tudo é feito com muito carinho para a sociedade em geral…DEMOCRATIZAR o GEOconhecimento é o Lema do GPGEO. CUIDE-SE MUITO. GEOabraço
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Parabéns Valter! Sempre mostro o teu trabalho para o meu filho Mateus Xavier, mestrando na UFPA.
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Querido amigo Milson Xavier de GEOsaudosas lembranças…quanto tempo?…mas que bom que o próprio tempo se encarrega de nos aproximar…Fico feliz pelo seu filho Mateu Xavier está fazendo mestrado na UFPA…é um GEOfilho? (GEÓlogo também….kkkkk)…que legal…MUITO ÊXITO NA SUA JORNADA E MAIS AINDA PARA Mateus Xavier que carrega um sobrenome de peso….GEOabraço e mui grato por você vibrar na mesma vibe que eu…você está ajudando a DEMOCRATIZAR A GEOciências…PARA QUE PRECISA…DE GEOciências
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Que ideia genial! Desta forma conseguimos compreender mais sobre o Rio Amazonas, rio de águas misteriosas, o que muitos não sabiam.
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Querido filho amado Diogo que vibra na mesma vibe que eu…Que bom que compreendestes o valor do rioMARzonas…Precisas pesquisa Jacques-Yves Cousteau. Sugiro que assista ao vídeo em https://youtu.be/ZR-qQy7c270… para se maravilhar com o rio Amazonas… Você faz parte de um seleto time de bem feitores que estão ajudando a DEMOCRATIZAR AS GEOciências…PARA QUEM PRECISA… DE GEOciências. GEOabraço filhão amado
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Parabéns pela iniciativa de criar uma página para divulgar informações. É muito interessante ver o quanto o rio Amazonas é grande e ver um pouco do seu surgimento.
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OPA!!! Que maravilha meu querido e amado filho Lucas Avelar…que bom que pude contribuir com tua visão sobre o rioMARzonas…Obrigado por estar vibrando na mesma sintonia comigo…JUNTOS PODEMOS MUITO MAIS. GEOabraço
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Parabéns pelo trabalho, valorizando o nosso maravilhoso Rio Amazonas e mostrando sua origem e história, pude aprender e tirar curiosidades.
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….vamos juntos eu e você Marina Batista avançando com as pás deste enorme moinho🌎🌎🌎🌎soprando vento muito forte para alcançar os que mais necessitam do GEOconhecimento….DEMOCRATIZAR AS GEOciências…PARA QUEM PRECISA…DE GEOciências…ESTE É O LEMA…GEOabraço
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Professor Valter! Parabéns pela brilhantismo de sua explanação. Contundente e recrudescedora. Profissionais assim que o Amapá deve ter sempre para o fortalecimento da ciência (geo) gráfica/lógica.
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Nobre GEOprof. Jetro Tavares…a quem tive a honra de conhecer e trabalhar durante as intervenções do PIBID-Programa Institucional de Bolsa a Iniciação a Docência, nos idos tempos de 2010 e 2011, na EEEM Tiradentes…Momento de INTERAÇÃO UNIFAP/ESCOLA….GEOconhecimento e MUITO APRENDIZADO…O projeto frutificou e hoje alguns acadêmicos do Curso de GEOgrafia passaram por aquelas NOSSAS intervenções na disciplina de GEOgrafia….aGORA MESMO NA TURMA DE 2019…TENHO ALUNOS REMANESCENTES DAQUELA ÉPOCA….PARABÉNS PELO SEU BELÍSSIMO TRABALHO DE DIFUSÃO DO GEOconhecimento. GEOabraço
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parabéns Professor, irmão e amigo Valter Avelar, pela difusão do conhecimento, ainda mais de um assunto que sempre me encantou, o rio Amazonas.Irei passar esta matéria para meus filhos.Pois é simplesmente sensacional……
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Bom dia meu queridíssimo GEOamigo e irmão João. Muito grato pela sua mensagem. Fico feliz que você tenha gostado e mais ainda de que você passará para meus sobrinhos
…DEMOCRATIZAR o GEOconhecimento é o Lema do GPGEO. GEOabraço….kkkkkk
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Parabéns, pelo belíssimo trabalho
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Bom dia meu GEOamor Rosangela. Muito grato pela sua mensagem. Fico feliz que você tenha gostado…DEMOCRATIZAR o GEOconhecimento é o Lema do GPGEO. GEObeijos….kkkkkk
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